Antes de tudo, você sabe o significado da palavra empatia?
De acordo com o site Significados, “Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo (…) A capacidade de se colocar no lugar do outro, que se desenvolve através da empatia, ajuda a compreender melhor o comportamento em determinadas circunstâncias e a forma como o outro toma as decisões”.
Tim Brown disse que “a empatia é o coração do design. Sem a compreensão do que os outros veem, sentem e experimentam, o design é uma tarefa inútil”.
Em poucas palavras, a empatia é ver com os olhos do outro, é se colocar no lugar do outro, para que você consiga entender melhor os problemas dela, da perspectiva dela. A empatia nos permite compreender não só as crenças, valores e ideias das outras pessoas, mas também o significado que sua situação tem para elas e seus sentimentos associados.
Então, podemos dizer que a empatia é a capacidade de compartilhar e entender as emoções dos outros.
Tipos de empatia
Empatia afetiva
Esta é a capacidade de compartilhar as emoções dos outros.
As pessoas que mostram um alto nível de empatia afetiva sentem o que os outros sentem. Sabe quando você assiste a um filme e se emociona porque viu o personagem sofrer, ou quando você vê uma mãe desesperada no jornal da TV porque perdeu seu filho e fica triste junto com ela? É isso que é a empatia afetiva.
Um bom exemplo poderia ser um designer trabalhando em um site destinado a ajudar os casais divorciados. Se esse designer tiver tido uma experiência com divórcio, provavelmente teria uma forte sensação emocional de empatia afetiva.
Empatia cognitiva
Tem a ver com entender os pensamentos e as emoções de alguém, de forma racional e não emocional. É você se por no lugar de outra pessoa, mas sem se envolver completamente com as suas emoções.
Ou seja, este tipo de empatia é mais pelo pensamento e não pelo sentimento.
Empatia de compaixão
Com este tipo de empatia, nós não só compreendemos a situação de uma pessoa e sentimos com ela, mas somos movidos espontaneamente para ajuda-la, se necessário.
A empatia em si é sentir a emoção do outro. Já a compaixão não só inclui a empatia, mas também implica em ter uma preocupação positiva com a outra pessoa, em querer ajudar.
Auto regulação emocional
A auto regulação emocional se refere à capacidade de regular as suas emoções.
A regulação emocional é um processo complexo que envolve iniciar, inibir ou modular o estado ou o comportamento de alguém em uma dada situação. Esta é a regra de empatia que uma pessoa pode ter.
Por exemplo, médicos e enfermeiros precisam ser fortes em auto regulação emocional para separar seus empregos de suas emoções.
Por que precisamos da empatia no UX Design?
A empatia nos permite criar laços de confiança e nos dá uma visão do que os usuários podem sentir ou pensar.
Isso nos ajuda a entender como ou por que as pessoas estão reagindo em algumas situações, agiliza nosso entendimento e é fundamental nas nossas tomadas de decisões para criamos soluções que atendam às necessidades dos usuários.
Portanto, a empatia é importante porque nos ajuda a entender os sentimentos dos nossos usuários, para que possamos responder de forma adequada. Podendo, então, entender as experiências de cada um com a empatia e, como resultado, são mais propensos a ajudar uns aos outros.
O papel da empatia no design
Em relação à empatia no design, podemos considerar alguns pontos importantes. Veremos a seguir.
A empatia não precisa ser limitada aos usuários
A empatia pode ser “aplicada” à nossa equipe, clientes e outros stakeholders. Ela pode se referir aos materiais com os quais nós projetamos e podemos até aplicar a nós mesmos.
Quando tentamos ter empatia com outra pessoa, em vez de trata-las como um problema a ser resolvido, nós as escutamos.
Ter empatia te ajuda a se entender melhor
Ao tentar ter empatia com os outros, isso também te ajuda a entender melhor a si mesmo.
Tentando escrever bem para outros ajuda você a saber melhor o que está pensando. Ensinar alguém ajuda você a ver melhor o que você está tentando explicar. Entende onde quero chegar?
Ter empatia é recíproco
Ao ter empatia com o outro, no processo criativo, é intrinsecamente recíproco.
Uma vez que você passa da ideia de “entender” como a única maneira de ter empatia com as outras pessoas, você irá notar que a empatia não tem a ver só com receber, mas também sobre dar. E, o ato de dar é, no final, o ato de receber. É simplesmente um loop que faz um ciclo completo.
Formas de melhorar a empatia
- Use seu coração, não apenas sua cabeça: tente se envolver mais no que o seu usuário está sentindo, em relação aos problemas que eles querem resolver e suas angústias e dificuldades.
- Obtenha feedback sobre suas habilidades de relacionamento: pergunte para as pessoas da sua família e amigos como você é bom (ou ruim) em ouvir as pessoas. Assim, você irá saber em que pode melhorar.
- Tenha curiosidade: se você trabalha com a sua curiosidade e faz mais perguntas, você terá uma melhor compreensão do que faz as pessoas sofrerem ou terem dificuldades.
- Saia da sua zona de conforto: estude algo novo, comece a escrever, ler coisas novas, faça uma aula de teatro, sei lá! Sair da sua zona de conforto e aprender coisas novas faz você ser humilde, pois terá de aprender do início. E a humildade é um ingrediente essencial para a empatia.
- Julgue menos: Todo mundo tem julgamentos que nos impedem de ouvir e ter uma empatia adequada. Tente esquecer um pouco os seus preconceitos em relação à idade, cor, gênero e orientação sexual. Seja honesto consigo mesmo e trabalhe nessas áreas para melhorar a sua empatia.
- Gaste tempo com pessoas que se importam: quanto mais tempo você passar com pessoas que têm grande quantidade de empatia, mais você aprende sobre como ser empático.
- Faça perguntas pensativas: quando você for falar com clientes ou amigos, tente se concentrar em fazer perguntas mais interessantes. Chegue ao coração do que você quer realmente saber.
- Converse com outras pessoas: pergunte às pessoas sobre suas vidas e quais são seus problemas. Ouça de verdade o que elas têm a dizer. Quanto mais você escuta, mais você verá que todos têm problemas e angústias. As pessoas têm dias ruins, alguns estão doentes, alguns estão tendo problemas em casa ou no trabalho, e por aí vai.
Como trazer a empatia para o seu trabalho de Design de Experiência do Usuário
Existem várias maneiras de trazer mais empatia no seu processo de UX Design. Eu te mostro a seguir algumas dessas formas.
Em relação aos usuários:
- Projete como se você fosse um usuário iniciante;
- Use os 5 porquês: pergunte 5 vezes por que aconteceu algo até chegar na raiz do problema;
- Faça uma pesquisa com empatia e ouça bem;
- Crie personas;
- Envolva-se com os usuários e conte suas histórias para outros designers;
- Crie mapas de empatia;
- Considere a acessibilidade para os usuários em todo o trabalho de design que você fizer;
- Considere o contexto de uso (onde e quando as pessoas usam seu produto).
Em relação à equipe:
- Envolva-se com os colegas de trabalho e ouça eles, de verdade;
- Faça retrospectivas com a equipe para ter diferentes feedbacks.
Em relação ao cliente e stakeholders:
- Envolva-se com eles sempre que possível;
- Faça perguntas e ouça seus pontos de vista;
- Inclua-os em retrospectivas quando possível;
- Ouça o que eles têm a dizer para esclarecer os motivos das decisões.
Conclusão
Como designer, é seu trabalho tornar um produto útil, acessível e prazeroso de usar.
Sabemos que devemos ter empatia, mas não o praticamos nem sabemos muito sobre isso. Ser consciente e trabalhar para melhorar é um ótimo ponto de partida para se melhorar como designer.
Quando você tem empatia e compaixão, eu acredito que a gente tenha uma maior chance de criar mudanças reais.
A compaixão cria as mesmas emoções que a empatia, mas quando você a sente, tem mais vontade de agir.
Como você faz para entender melhor os seus usuários no processo de UX Design?