A análise de tarefas é uma das ferramentas mais úteis para serem utilizadas no processo de UX Design. A parte mais complexa é lembrar-se de manter a perspectiva do usuário e resistir à tentação de gerar suas próprias interpretações do problema.
Neste artigo, veremos como conduzir a análise de tarefas para que consigamos melhorar a experiência do usuário em nossos produtos, sejam sites, aplicativos, softwares ou qualquer outro.
Se você quiser saber melhor sobre a importância da análise de tarefas no design, eu te indico a leitura deste outro artigo que escrevi.
Primeiras etapas da análise de tarefas
Com todas as informações que você reuniu durante a fase de pesquisa e empatia, você pode começar a esboçar como um usuário age mapeando a sequência de atividades necessárias para alcançar um objetivo.
Mas, antes de começar, é importante ter uma visão geral do processo e de suas etapas, para que você possa se preparar melhor. O processo de análise de tarefas pode ser dividido nas seguintes etapas:
- Defina qual tarefa será analisada: escolha uma persona e um cenário para sua pesquisa de usuário e repita o processo de análise de tarefas para cada um. Qual é o objetivo e a motivação desse usuário para alcançá-lo?
- Divida essa meta em subtarefas: geralmente, você deve ter de 4 a 8 subtarefas depois deste processo. Se você tiver mais, isso significa que a meta identificada é muito alta e possivelmente abstrata demais. Cada subtarefa deve ser especificada em termos de objetivos. Juntos, esses objetivos devem abranger toda a área de interesse, ou seja, ajudar o usuário a atingir um objetivo completo.
- Desenhe um diagrama de tarefas em camadas de cada subtarefa e certifique-se de que esteja completo: Não existe padrão para isto. Você pode usar qualquer notação que desejar para o diagrama.
- Escreva uma história: um diagrama não é suficiente. Muitas das nuances, motivações e razões por trás de cada ação são simplesmente perdidas no diagrama, porque tudo o que ele faz é representar as ações e não as razões por trás delas. Então, é importante você se certificar de acompanhar o seu diagrama com uma narrativa completa que se concentra nos porquês.
- Valide sua análise: por fim, verifique essa análise com alguém que não estava envolvido nesse processo, mas que conheça bem as tarefas para verificar a consistência. Essa pessoa pode ser outro membro da equipe trabalhando no mesmo projeto, mas você também pode solicitar a ajuda de usuários e participantes reais para esta parte.
Uma outra dica é que, se tiver tempo e um equipe de tamanho razoável e disponível, você pode considerar conduzir uma análise de tarefas paralelas. Isso significa simplesmente fazer com que mais de uma pessoa em sua equipe de UX realize o processo simultaneamente, para que você possa comparar suas saídas e mesclá-las posteriormente em uma entrega final. Mas, geralmente isto demanda mais recursos e tempo da equipe.
Exemplo de Análise de Tarefa
Agora, vamos ver um exemplo para ilustrar como você pode realizar uma análise de tarefas.
Suponha que Nair, uma médica de visita domiciliar, precise atualizar o sistema do hospital com o paradeiro dela (ou seja, deixou um paciente para ir ao próximo) por mensagem de texto.
Nair usa um dispositivo personalizado que parece ser um telefone celular, mas é adaptado para uso pelos médicos. Tudo o que ela precisa fazer é enviar um pequeno texto tipo SMS com as palavras “próximo paciente” para um determinado número.
Objetivo: 1. Enviar uma mensagem de texto para o sistema do hospital
Sub-objetivos:
1.1. Abra o aplicativo de mensagens em seu celular.
1.2. Digite o número do sistema hospitalar.
1.3. Mova para o campo de entrada de texto.
1.4. Digite as palavras “próximo paciente”.
1.5. Verifique a ortografia (porque precisa ser preciso para o sistema aceitá-lo).
1.6. Aperte o botão “enviar”.
1.7. Saia do aplicativo de mensagens.
Nesse diagrama, você pode notar que identificamos diferentes “planos” sobre como Nair poderia atingir um determinado objetivo.
No diagrama, praticamente tudo, exceto para exibir nomes de contatos correspondentes, é executado pelo usuário. Então, podemos ver que Nair não está recebendo muito apoio aqui. Talvez, poderíamos intervir redesenhando o aplicativo de mensagens do dispositivo. Veja algumas coisas que podemos fazer:
- Poderíamos eliminar a etapa “aperte o botão de busca”, mostrando uma lista de contatos correspondentes para Nair assim que ela começar a digitar qualquer letra ou número no campo de texto “Para:”.
- Poderíamos até mesmo eliminar a digitação exibindo uma lista suspensa de “contatos usados com frequência” no campo “Para:”, mesmo quando Nair ainda não digitou nada.
- Poderíamos ajudar a Nair a verificar a mensagem realçando as palavras que estão escritas incorretamente ou fazendo com que o dispositivo vibre sempre que uma palavra é digitada incorretamente.
- Para evitar erros, poderíamos desativar o botão “enviar” se erros de ortografia estivessem presentes no texto.
- Poderíamos eliminar a etapa “sair da mensagem” fechando automaticamente o aplicativo de mensagens assim que a mensagem for enviada.
Você pode notar que algumas das ideias para melhoria discutidas aqui são baseadas na simples hierarquia de tarefas (ou seja, eliminando etapas desnecessárias), enquanto outras dependem de uma abordagem de análise cognitiva (ou seja, diminuindo a carga mental de trabalho do usuário).
Conclusão
O que decidirmos fazer irá depender de como o usuário visualiza o problema. Se os usuários acreditarem que digitar corretamente o texto escrito é a fonte de sua maior frustração, então nosso design deve se concentrar nesse aspecto.
Resolver os problemas reais tem o maior impacto no projeto, e você deve se esforçar continuamente para ver a análise da tarefa do ponto de vista do usuário e não o que você realmente poderia fazer (ou querer fazer).
Texto adaptado de Interaction Design Foundation.