Nos últimos anos, o Design Thinking surgiu como uma palavra de ordem que promete inovação e qualidade. E nunca se falou tanto em Design Thinking e inovação do que nos últimos anos.
Ao mesmo tempo, o UX Design (Design de Experiência do Usuário) se tornou quase que uma obrigação das empresas de todos os setores e de todas as formas e tamanhos. A experiência do usuário é algo extremamente importante e muitas empresas estão correndo atrás disso.
Enquanto muitos dos líderes em Design Thinking e UX se sobrepõem entre as duas comunidades, o impacto do Design Thinking costuma estar em um nível mais estratégico e global, no que diz respeito à inovação de serviços e produtos. Enquanto isso, a UX tem lutado para obter um nível de influência e respeito por parte das organizações de produto e desenvolvimento com as quais trabalha.
Não apenas o DT e a UX funcionam e são pensados de forma distinta, mas também têm pouca influência um sobre o outro.
A questão é: dada a necessidade desesperada do impacto do DT e melhor UX, como isso é possível? E o que pode ser feito para criar uma sinergia entre eles?
Embora tanto o Design Thinking quanto o UX Design, como pensamos hoje, tenham começado no mundo acadêmico, surgiram como preocupações de negócios. UX veio em primeiro lugar, batendo de forma duradoura com o uso do termo de Donald Norman como parte de seu título, Arquiteto de Experiência do Usuário, na Apple Computer em 1993. De lá, ele se consolidou no Vale do Silício e levou a uma revolução de design e UX durante os anos 90.
Embora tenha demorado mais tempo para o termo (UX) se espalhar pelos Estados Unidos e permear as empresas, no início dos anos 2000 a disciplina estava firmemente estabelecida nas melhores empresas de software do Vale do Silício.
O impacto do Design Thinking surgiu cerca de uma década depois, no início dos anos 2000. Embrulhado em conjunto com uma mensagem mais ampla de “inovação”, o Design Thinking bombou (como diriam os cariocas)!
Enquanto o UX se desenvolveu sistematicamente na bolha do Vale do Silício, o Design Thinking seguiu a tendência da inovação e a Web 2.0 entrou rapidamente nas reuniões das empresas.
O que há em comum entre Design Thinking e UX Design
Superficialmente, o Design Thinking e o UX têm pouca coisa em comum.
O DT tem mais a ver com a criação de soluções inovadoras, enquanto o UX se concentra em melhores produtos e serviços.
Embora o Design Thinking seja popularmente reconhecido como a combinação de observação do usuário, análise e pensamento de síntese, na realidade, o que define é o processo:
- Definição
- Pesquisa
- Ideação
- Protótipo
- Escolha
- Implemento
- Aprendizagem
A similaridade no processo revela suas raízes compartilhadas. As coisas que o DT faz geralmente estão nos mesmos espaços problemáticos que são tratados pelo UX.
Na verdade, a comunidade de Design Thinking moderno tem raízes profundas na comunidade UX que a precedeu. Por exemplo, a Overlap Conference, uma importante conferência de Design Thinking, foi conceituada e organizada por líderes de pensamento da UX.
Design Thinking na sala de reuniões
Talvez o maior sucesso alcançado pelo Design Thinking até o momento não seja seu impacto na aplicação real, mas a facilidade com que foi aceito na sala de reuniões.
O DT se tornou a forma abreviada de explicar a capacidade da Apple de inovar massivamente, criar novas categorias de produtos e, o mais importante de tudo, criar grande valor para os acionistas durante um aumento de estoque meteórico em meados dos anos 2000.
O DT já também teve muitos sucessos, como na GE e na P&G na última década, desde planos de implementação completos que criaram inovações importantes para ensinar novas habilidades criativas e formas de pensar para equipes executivas, tornando-as individual e coletivamente mais eficaz.
A questão aqui é que o Design Thinking rapidamente ganhou e depois manteve a aceitação das empresas, mesmo quando os impactos de sua implantação se mostraram equilibrados para não serem mais eficazes do que outros investimentos comparáveis, como a consultoria de gestão mais tradicional.
O árduo caminho do UX Design
Enquanto o DT chegava diretamente à diretoria executiva, muitas vezes o UX Design entrava nas empresas escondidinho, arranhando aqui, arranhando ali, até penetrar por toda a empresa, com bastante dificuldade (não leve pelo mal caminho).
Inicialmente começando por produtos como software e hardware, onde engenheiros e outros membros da equipe haviam feito o trabalho por meio da intuição, a UX teve que lutar por espaço, respeito e orçamento. E até hoje é assim.
As empresas que não são de tecnologia costumavam ser apresentadas ao UX por meio do departamento de Marketing ou de TI, como uma forma nova e progressiva de criar sites melhores – com melhor usabilidade. Aliás, até hoje a UX é confundida como usabilidade. E UX é muito mais que uma boa usabilidade.
Independentemente da história de origem, hoje a UX é reconhecida e aceita dentro de empresas de todos os tamanhos, causando impacto nas organizações de produtos, serviços e marketing em diferentes graus.
Mas, não ache que UX é super valorizado e que todas as empresas do mundo almejam em seus produtos e serviços. Não. Longe disso. O UX Design continua sendo evitado. Apesar de estar presente em várias empresas, ainda é muito mais difícil garantir orçamento para UX em comparação com engenharia, marketing, desenvolvimento e outros departamentos mais tradicionais e estabelecidos.
Conclusão
De forma resumida, o Design Thinking é uma ferramenta para resolução criativa de problemas, que tem como ponto de partida o entendimento das necessidades das pessoas, ou seja: o foco primordial para a resolução de problemas é o ser humano.
Já o UX Design aborda todas as iterações entre os usuários, produtos e serviços e as suas motivações, ansiedades e padrões de comportamento. O objetivo é a construção de produtos que sejam não apenas úteis, mas profundamente desejados pelos clientes.
Concluindo, podemos dizer, em poucas palavras, que o Design Thinking está mais preocupado com a criação de novos produtos de forma inteligente, pensando em inovação, enquanto o UX Design tem como objetivo principal desenvolver produtos realmente excelentes, com foco no usuário.
Texto adaptado de ACM Interactions.