Não é novidade que a web mobile está cada vez mais presente na vida dos usuários. E também sabemos da importância do mobile first, apesar de eu não concordar que isso deva ser uma regra para todo projeto.

No entanto, é importante lembrar que ter um site que funcione em dispositivos móveis não é exatamente a chave para o sucesso.

Adotar uma abordagem centrada no usuário para design mobile pode te ajudar a ter em mente os resultados que você pretende alcançar, em vez de perder tempo com designs pouco recompensadores.

Como a maioria das pessoas utilizam smartphones para acessar sites, os negócios em geral passaram a entender as vantagens de se ter um site mobile – apesar de que no Brasil ainda existirem muitos projetos e sites pouco funcionais nos pequenos dispositivos.

Talvez um dos grandes problemas seja um pensamento do tipo “Precisamos de um aplicativo para dispositivos móveis ou de um site para dispositivos móveis!”. Ok, mas não é isso exatamente que precisamos ter em mente. O que importa, não interessa qual seja o seu produto digital, é considerar por que os usuários desejariam isso.

Há vantagens em proporcionar uma experiência na web para dispositivos móveis:

  • Existe a oportunidade de atender às necessidades específicas dos usuários no momento certo e no lugar certo;
  • A web mobile pode ser acessada em locais onde a internet não é facilmente acessível a partir de outros dispositivos;
  • O desenvolvimento para a web mobile pode ser rentável e até mesmo mais barato do que os sites padrão;
  • Há potencial para alcançar uma base de usuários muito maior (existem mais donos de smartphones do que pessoas com computadores de mesa ou notebooks).
  • Existe a oportunidade de alcançar uma área geográfica muito mais ampla (nos países em desenvolvimento, os smartphones são muitas vezes a única maneira de um usuário acessar a internet).

Design Centrado no Usuário para dispositivos móveis

Existem 5 etapas do ciclo. Todo o desenvolvimento é considerado cíclico, com produtos passando por várias iterações ao longo da vida.

Você avalia a situação como está no momento (talvez seja “não temos um site para dispositivos móveis” ou talvez seja “nosso aplicativo para dispositivos móveis não está funcionando como esperávamos” etc.).

Então, você provavelmente irá saber o que seus usuários precisam de você. Depois disso, você pode priorizar os recursos do seu produto e, em seguida, trabalhar no design desses recursos, garantindo o mobile first e, finalmente, revisar e refinar o design.

1. Avaliando a situação atual

A web mobile é realmente algo fundamental. Sim, existem mais usuários de smartphones e tablets do que usuários de computadores e notebooks.

Porém, você não pode presumir que seus usuários irão realmente querer usar seu site por meio de smartphones ou tablets. Eles podem preferir computador para algumas tarefas específicas, não?

De fato, pesquisas recentes sugerem que a maioria dos usuários atualmente usam o mobile para um conjunto limitado de coisas – principalmente namoro, email, alguns aplicativos e redes sociais – e que quando os usuários têm uma opção, eles preferem fazer um trabalho mais complexo em seus desktops.

Para você ter uma ideia, em uma pesquisa que fiz recentemente, 90% dos usuários disse preferir utilizar o computador de mesa ou notebook para utilizar o produto – o qual eu estava fazendo um redesign, e não posso entrar em detalhes aqui.

É possível que sua base de usuários esteja menos interessada em uma experiência na web para dispositivos móveis e mais interessada em uma experiência aprimorada com os produtos e as plataformas que você já oferece? Pense bem nisso. Esta é o ponto principal.

2. Entendendo seu usuário

Não importa que tipo de design você faz. Entender o usuário e público-alvo deve ser o ponto de partida de qualquer projeto.

Antes de sair correndo para fazer qualquer design ou rascunho de tela, é importante entender bem seus usuários, e em um contexto para dispositivos móveis – especialmente aqui, quando estamos falando especificamente de mobile.

Você precisa saber coisas como:

  • Como eles preferem acessar a internet?
  • Quanto tempo eles passam interagindo com seu site no momento?
  • Quanto tempo eles gastam online usando um dispositivo móvel?
  • Quais recursos seriam essenciais para fornecer uma experiência mobile?
  • Com o que eles estão frustrados em relação ao seu produto, no momento que poderia ser feito melhor via celular?
  • Quais dispositivos móveis e banda eles usam para acessar a internet?

Se você tiver mais de uma pessoa como usuário, precisará responder a essas perguntas sobre cada grupo de usuários.

3. O que sua experiência mobile irá oferecer ao usuário?

Em seguida, você deve priorizar os pontos importantes da experiência mobile que você está planejando.

Sua pesquisa de usuários mostrará o que seus usuários querem, mas você também precisa considerar o que o negócio quer do processo também.

Você precisa adequar a boa experiência do usuários aos interesses da empresa. Há contas a pagar!

A experiência do usuário é essencial, mas não é boa se não fornecer resultados comerciais. Compromisso pode ser uma parte fundamental para acertar isso.

Não se esqueça de que muita complexidade no início do ciclo de vida do produto pode ser uma grande desvantagem. Priorizar necessidades também significa não ter medo de reter ideias para lançamentos futuros.

Um ótimo MVP muitas vezes pode ser melhor do que um produto excessivamente complexo.

4. Considerações sobre design mobile

Também, haverá considerações sobre design específicas para dispositivos móveis. Por exemplo, irá usar design responsivo ou design adaptativo?

Como sempre, é bom entender o contexto no qual o produto e dispositivo serão usados. Muitos usuários pode acessar a internet pelo smartphone sentado no sofá – como minha mãe faz nos intervalos da novela. Mas muitos usuários não vão usar assim.

Os usuários pode tentar acessar durante as compras no supermercado, durante viagens, na caminhada até a padaria, e por aí vai.

Isso significa que você terá que considerar como reduzir distrações e facilitar o foco do usuário na tarefa em mãos.

Josh Clark, autor de Tapworthy: Designing Great iPhone Apps, propõe três categorias para acesso à web mobile:

  • Micro-tarefa: quando o usuário interage com seu dispositivo por períodos de atividade breves, mas frenéticos;
  • Local: quando o usuário quer saber o que está acontecendo ao seu redor;
  • Entediado: quando o usuário não tem nada melhor para fazer e está procurando passar o tempo.

Ter isso em mente pode facilitar muito o design para as necessidades reais do usuário e focar no que torna os dispositivos móveis diferentes de outras plataformas de acesso.

5. Revisar e refinar

Faça esboços e protótipos. Certifique-se de de testá-los com os usuários reais. Obtenha feedback e melhore o design. Em seguida, volte ao início e faça uma iteração. Melhore o design e teste-o de novo! E de novo!

É por isso que o processo de Design Centrado no Usuário para mobile é cíclico. Aliás, para todos os processos de Design Centrados no Usuário!

Conclusão

A web mobile não é um conceito novo, sabemos bem disso. Decidir se seus usuários realmente precisam do mobile é importante e, em seguida, seguir um processo de Design Centrado no Usuário oferece a você a melhor chance de sucesso.

Existem diferenças significativas na maneira como os dispositivos móveis operam em comparação com outros dispositivos e você precisa ter certeza de lidar com essas diferenças com cuidado para fornecer o melhor resultado final.

Texto adaptado de Interaction Design Foundation